CARLOS BECHEGAS
Flute Landscapes
CARLOS BECHEGAS
Flute Landscapes CD audEo 0298
Carlos Bechegas - flauta acústica, voz Todas as composições de Carlos Bechegas (SPA) Gravado no inverno de 1996, no estúdio do autor Masterização de Joaquim P. Jacobetty e Carlos Bechegas Tradução (para inglês) de Paulo da Costa Domingos Fotografia de Pedro Martins Design gráfico de Gonçalo Calheiros Agradecimentos: Alberto Castelo, Alexandre Sousa, Carlos Vieira, Leo Feigin, Leonor Mendes, Manuel Guimarães e demais participantes Agradecimentos especiais de Carlos Bechegas ao Professor Ricardo Ramalho Dedicado a Ana Henriques Reservados todos os direitos do produtor fonográfico e do proprietário da obra gravada, sendo proibida a duplicação e a utilização não autorizada desta obra, no todo ou em parte.
ALL RIGHTS RESERVED ℗ & © SPA / AUDEO ESGOTADO |
Tendo como base de trabalho e fio condutor os feitos e técnicas contemporâneas da flauta, utilizados na composição clássica ao longo das últimas décadas, propus-me viajar neste disco pela faceta mais desconhecida do instrumento, explorando uma dimensão menos suave e menos onírica, como é tradição no seu repertório. Apropriando-me e transferindo este riquíssimo material para o universo da concepção improvisada, constitui um desafio a procura de outras possibilidades expressivas do instrumento que, concretizadas em inúmeros "takes", contribuíram para ampliar a minha linguagem e vocabulário. O processo e metodologia de trabalho centraram-se, por um lado, numa atitude de pesquisa que privilegiasse a descoberta de novos territórios e formas de interpretação e, por outro (ao desenvolver-se a partir de uma estratégia de pressupostos pré-definidos), na exploração sucessiva de diferentes materiais e técnicas, organizados em secções temáticas.
Como o título «Flute Landscapes» poderá traduzir, o perfil conceptual e estruturante deste disco caracteriza-se por uma multiplicidade de "paisagens" de flauta, sugeridas ao longo da sequência dos temas, em imagens intencionalmente curtas e contrastadas, na sua disposição e conteúdo - "flashes", impressões, registos de uma vivência multifacetada - imagens heterodoxas, resultado de um investimento na plasticidade do som, nas metamorfoses possíveis do timbre, na utilização da voz, em frases de recorte abstracto pela sequência cerrada de diversos efeitos e técnicas contemporâneas. A opção pela renúncia do som "normal", das memórias, modelos e clichés decorrentes de um instrumento milenar, é uma constante presente na maioria das composições, estimulando-me deliberadamente a outros caminhos. Constituíram simultâneamente uma homenagem e fonte de inspiração aspectos e particularidades das linguagens autónomas de músicos-referência desta área. O seus nomes atribuem o título a algumas composições em função da abordagem dos respectivos universos: Evan Parker (respiração circular / multifónicos), Derek Bailey (escalas alteradas / arpejos-harmónicos assimétricos), Steve Lacy (articulação do fraseado), Peter Kowald (voz / ohm / dissonâncias). «Flute Landscapes» concretiza uma proposta baseada na crueza orgânica do instrumento, na morfologia do som e numa obsessiva intenção de descobrir... outras paisagens. Carlos Bechegas Tornou-se lugar-comum dizer-se do jazz como "o som da surpresa". Na multiplicidade das linguagens de hoje, a música improvisada, mais que o free jazz, é campo onde este efeito poderá surgir com maior incidência. A obra de Carlos Bechegas é disso exemplificativa: surpreende pelo discurso "anormal" conferido à flauta, imprevisível, em que o fluído melódico observará tão-somente centros tonais, tempo variável, diversidade de moods, timbre, intensidade. A audição de «Flute Landscapes» evidencia, para além de técnicas e processos utilizados na "música erudita" e no jazz - e aqui seria de citar James Newton em efeitos acústicos, na vocalização ou sopro contínuo, - o trabalho experimental, de pesquisa e bem sucedida inovação instrumental e composicional. Carlos Bechegas reconhece a influência que Evan Parker ou Derek Bailey, talvez mais do que Lacy ou Kowald, exerceram na sua prática, e com que se identificará na linguagem estruturada, conceptual, duma menor espontaneidade, duma relegada essencialidade do swing ou blues intonation de muitos freejazzers. Assim se afirma hoje como um dos mais conceituados improvisadores da "cena" portuguesa. Manuel Guimarães director artístico do Festival de Jazz do Porto |
All Music Guide
A year after his debut CD, Projects (1997, Leo Records Laboratory), Portuguese flutist Carlos Bechegas released these Flute Landscapes. Althrough the first album was satisfactory, this solo opus shows the musician more daring, constantly pushing the limits of his art. The 28 short pieces represent as many possibilities of extended expression on the flute. Bechegas took the techniques of important avant-garde musicians like Evan Parker, Derek Bailey, Steve Lacy and Peter Kowald and applied and developed them on his instrument. ... Recommended. François Couture Citizen Jazz Flûtiste d'origine portugaise Carlos Bechegas a d'abord commencé par étudier les arts graphiques. Puis aprés des études classiques il s'est tourné vers la musique improvisé en participant notamment aux workshops de Steve Lacy et Evan Parker. Totalement ancré dans la musique dite contemporaine, le flûtiste s'inspire des ses différents recherches sur l'instrument. La multitude d'effects qui est mis ici en jeu est assez ahurissante. ... Ce disque mystérieux forcément didactique, un peu étouffant et répétitif aurait sûrement gagné néanmois de découvrir au curs de ces 28 pièces, un musicien remarquable à l'humour attachant. Charles de Saint André Diário de Notícias Nos últimos anos habitual frequentador, em workshops e seminários bem como em actuações públicas, de alguns dos mais relevantes representantes europeus desta música, Bechegas revela-se em «Flute Landscapes» (de outra editora nortenha, a audEo) como um músico de grande virtuosismo técnico ao serviço de uma criatividade apurada. Talvez por isso, a unicidade instrumental dos cerca de 70 minutos de música em solo absoluto, se afastem de qualquer ideia de monotonia ou uniformidade. Adepto de uma constante fuga aos centros tonais, utilizando uma multiplicidade de técnicas de embocadura, bem como a própria sonoridade do «sopro branco» e do tubo de ressonância e assim extraindo da flauta uma ampla paleta tímbrica, o flautista não apenas se afirma próximo de Evan Parker (pelos efeitos «polifónicos»" e de respiração circular em «Multi Effects» ou nos dois «E. Parker - Soft e Tense»), como consegue evocar na flauta, de forma surpreendente, a técnica de harmónicos assimétricos de um guitarrista como Derek Bailey. Longe dos puros exibicionismos, mas criativamente empenhado na luta contra os próprios limites materiais e físicos do instrumento, Bechegas chega assim à verdadeira notabilidade em peças como «Octave Ligatto», «Counterpoint Voice», «Octave Calm» e, sobretudo, «Minimal Polifô». **** Manuel Jorge Veloso Improjazz Excellente qualité quant à l’enregistrement... Carlos ouvre d’autres possibilités techniques par la diversité du souffle, l’utlisation de la voix avec le son (distorsion/accouplement), la multiplicité des effects... Carlos Bechegas fait partie de la génération improvisée et mérite pour cela votre écoute. Philippe Renaud Minimal Carlos Bechegas tem um novo disco, depois de "Projects". O novo "Flute Landscapes" resulta de uma proposta representante do último estádio de um percurso delineado em sucessivas fases de depuração de linguagem e materiais. Contrariamente ao trabalho anterior, em que recorreu a novas tecnologias, tratamento electro-acústico, fitas magnéticas e ao acompanhamento de violino e percussão, este baseia-se unicamente na interpretação acústica do instrumento. Bechegas apresenta-se-nos a solo, sem recurso a qualquer trucagem electrónica, numa espantosa multiplicidade de "paisagens" de flauta, sugeridas em imagens intencionalmente curtas e contrastadas, na sua disposição e conteúdo, onde evidencia o «trabalho experimental, de pesquisa e bem sucedida inovação instrumental e composicional», como reitera o director artístico do Festival de Jazz do Porto, num apontamento incluído no livreto da edição. Um disco para descobrir, escutar e absorver com a merecida atenção. No Man's Land Carlos Bechegas präsentiert auf "Flute Landscapes" eine unglaubliche Vielfalt eben dieser. Die Sequenz der Themen wird in absichtlich kurzen und kontrastierenden Bildern, sowohl in ihrer Organisation als auch in ihrem Inhalt, angedeutet. Ein Werk, das Experimentieren, Forschen und erfolgreiche Innovation offensichtlich macht, instrumental wie auch kompositorisch. Rubberneck While I have never understood the antipathy displayed by some critics towards the flute, I must admit that it has some fewer true explorers than other instruments. Carlos Bechegas is, however, one of them. On Flute Landscapes he leaves behind his electronics for a purely acoustic investigation of extended techniques. More snapshots (of which there are 28) than a continuous landscape, each with a particular focus. Derek Bailey, Steve Lacy, Evan Parker and Peter Kowald are all namechecked in the titles, giving some indications of the territories in which he moves. Technique, language, phrasing and structure are all examined. Bechegas is little known outside of his native Portugal. Hopefully this album will go someway to rectify that. Gus Garside Visão Bechegas é um flautista português que impressiona pelas técnicas que desenvolveu e pratica com gosto e bem - 'falar pela flauta' é uma delas - como referência, que sempre se vai buscar, há a importância de Roland Kirk, o instrumentista que tocava vários instrumentos de sopro ao mesmo tempo! ... Seu CD 'Flute Landscapes' de 96 para a audEo é recomendável para todos, estudantes e conservadores em particular. José Duarte |